Que grande atriz é Marcélia,
Seu talento é sem igual,
Desde “A Hora da Estrela”,
No cinema é colossal.
Com o Urso de Prata em mãos,
Seu brilho é celestial.
Agora, com Pacarrete,
Ela volta a nos fascinar,
Personagem tão completa,
Que faz a gente chorar.
Sua voz é sua marca,
Dura e doce a ressoar.
Entre raiva e carinho,
Marcélia sabe alternar,
Com Miguel troca flertes,
E com graça vai lidar.
Até mesmo com um bêbado,
Ela faz a gente gargalhar.
Em 97 minutos,
Transformações a brilhar,
Marcélia cria uma mulher,
Que na tela vai ficar.
O elenco é um presente,
João Miguel a encantar.
Soia Lira é a empregada,
Sempre às turras com razão,
Zezita Matos é a irmã,
Com rica interpretação.
Pacarrete é riso e lágrima,
Graças à direção.
De Allan Deberton,
Que em estreia conquistou,
Oito troféus no Gramado,
E o público emocionou.
Com um toque de Chaplin,
O filme então brilhou.
Pacarrete, ex-bailarina,
Em Russas quer mostrar,
Nos 200 anos da cidade,
Sua arte e seu dançar.
Mas a cidade tacanha,
Não consegue apreciar.
VHS e vinis,
São seus tesouros guardados,
Com um sonho quase louco,
Quer ver todos encantados.
Mas o tempo é implacável,
E os sonhos vão sendo esmagados.
Humilha a costureira,
E Maria, sua aliada,
Mas com Miguel é ternura,
Sua solidão disfarçada.
Quer a calçada de volta,
Seu valor é reivindicado.
Solidão e raiva crescem,
Num cruel isolamento,
Mas Marcélia, com arte,
Transforma o sofrimento.
E o filme de Deberton,
É um belo sentimento.
Pacarrete é um retrato,
Da luta de uma mulher,
Contra o tempo e a indiferença,
Que a sociedade quer.
Marcélia é brilhante,
Sua arte é um laço eterno.
Allan Deberton em estreia,
Mostra sensibilidade,
Equilibrando o humor e a dor,
Com grande habilidade.
“Pacarrete” celebra a arte,
E a resistência na realidade.
Palmarí H. de Lucena, Julho de 2024