Protestos implacáveis nos Estados Unidos, em boa parte da Europa Ocidental, replicados tepidamente em países negacionistas de racismo, seguidos por pronunciamentos de lideres brancos, anúncios de programas de responsabilidade social empresarial e propostas de politicas públicas mais inclusivas, sugerem que poderíamos estar movendo em direção do limiar de mudanças genuínas no combate ao racismo.
Nos anos de 1960, o movimento de direitos civis liderado por Martin Luther King III, logrou resultados importantes na luta pela igualdade racial, embora não sucedendo igualmente em obter maior participação de pessoas de cor na economia americana. Problema difuso em outros países enfrentando acusações de viés racista de forças policiais, pouca participação na economia e no arcabouço político do Estado.
Embora a recente eclosão de protestos do movimento “Black Lives Matter”, tenha-se espalhando na Europa e América Latina, motivados igualmente pela situação intolerável de violência policial contra pessoas de cor e inação por parte de autoridades locais. O pano de fundo do crescente descontentamento é a falta de oportunidades econômicas, compensação assimétrica a trabalhadores brancos, práticas racistas no recrutamento e avanço salarial ou precariedade de serviços de saúde e educação.
Racismo não tem características homogêneas, suas manifestações ocorrem em formas diferentes muitas delas deliberadas, outras refletindo ausência de desconforto com o empobrecimento e exclusão da populações de cor. Tratamento privilegiado de brancos suspeitos de crimes e uso de força policial excessiva no caso de pessoas de cor, mais do que justifica urgência na criação de mecanismos de supervisão, avaliação e eventual punição de agentes públicos, envolvidos em episódios de intolerância racial. Medidas que aumentariam a confiabilidade e eficiência de forças policiais em comunidades de cor, vitimas de exclusão social, criminalidade de milícias, ações de traficantes de drogas e desproporcional uso de armas letais.
Tendência de demonizar ou minimizar a importância de manifestações antirracismo é outra forma de blindar comportamentos racistas de agentes públicos, posturas equivalentes a cumplicidade na obstrução de justiça ou politização deliberada de problemas raciais. Problemas que devem ser encarados através de medidas transparentes e eficazes para a resolução de iniquidades, impedindo pessoas de cor de competir com isonomia na busca de oportunidades econômicas e progresso pessoal, erodindo gradualmente a confiança na equanimidade dos princípios básicos do Estado Democrático de Direito e no futuro da democracia ocidental, como um todo.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores
Infelizmente o racismo nunca irá acabar acho que definitivame e infelizmente
Nos EUA, a população negra só foi privilegiada na convocação para prestar serviços militares, durante as várias guerras de dominação, contra países da Ásia ou América Latina.