Paramentados com bandeiras brasileiras, quebraram janelas, roubaram arquivos, destruíram símbolos da União, agrediram policiais, feriram pelo menos cinco jornalistas. Dia 08 de janeiro, uma data infame, quando apoiadores de Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, Suprema Corte e o Palacio do Planalto, demandado a anulação do resultado da eleição presidencial. Paralelos com o ataque de seguidores de Donald Trump em 06 de janeiro de 2021, são óbvios e longe de ser coincidência. Bolsonaro é uma admirador fervente do ex-presidente, na clonagem dos seus métodos.
Tanto em Brasília quanto em Washington, um populista da direita perdeu o voto livre, sem nunca aceitar o resultado do certame eleitoral. Bolsonaro nunca explicitou que seus seguidores invadissem e depredassem a sede do governo. Durante meses insistiu que a única maneira de ser derrotado seria por fraude eleitoral. Acusação repetida no dia 10 de janeiro, atiçando os ânimos dos seus seguidores nas mídias sociais.
Bolsonaro alega que Luiz Inácio Lula da Silva, não é somente um comunista, mas também tem conluio com o diabo. Ele não é nenhum dos dois. Contestou de maneira espúria o resultado eleitoral, se recusando a participar da cerimonia de posse. Continua tentando convencer seus seguidores que ele é o presidente legitimo, que são vítimas de uma conspiração desprezível. Muitos Bolsonaristas, como muitos Trumpistas, acreditam que têm o dever de reverter o resultado de uma eleição roubada. Contaminados pela força da grande mentira inventada por um charlatão carismático, embora desilusão não seja uma desculpa para atentados contra o estado democrático.
Pessoas presas por participar em atos golpistas, depredação do patrimônio público e crimes contra instituições dos estado democrático, devem ser punidos com rigor da lei. É um bom começo, porém outras providências devem ser tomadas para consertar e fortalecer a danificada democracia brasileira e suas instituições.
Ordem deve ser reestabelecida, não basta só processar aqueles que conspiraram e perpetraram a rebelião antidemocrática, deve-se assegurar que forças policiais sejam servidores da lei, não de políticos favoritos. Policiais foram filmados em conversas amistosas com pessoas protagonizando atos golpistas, dando apoio inicial a turba violenta que invadiu e vandalizou as instituições símbolos da Nação Brasileira. O novo governo deve insistir que policiais em serviço, sejam politicamente imparciais.
Oposição deve condenar a violência política univocamente, como muitos políticos Bolsonaristas já o fizeram, embora soldados rasos do movimento ainda continuem sendo devotos leais do seu herói, em uma pesquisa 37% dos entrevistados, mostraram-se favoráveis a um golpe de estado para remover Presidente Lula.
Lula deve governar um país dividido com inclusividade, evitar o uso de linguagem inflamatória para caracterizar opositores a exemplo de Bolsonaro, assegurar aqueles que não votaram nele, que governara para o bem de todos. Após anos de fúria e falsidade Bolsonariana, o País precisa de uma liderança calma e temperança política. Se Lula não suceder, Bolsonaro ou alguém de sua estirpe, pode conquistar o poder e reiniciar o retrocesso que levou o Brasil a transformar-se em um pária entre as nações.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores