Recentemente, a empresa OpenAI, criadora do CHATGPT, tomou medidas importantes para combater a disseminação de desinformação e mentiras no contexto das eleições em vários países. Embora seja encorajador ver uma empresa preocupada com o impacto social de sua tecnologia, é importante lembrar que a responsabilidade de garantir eleições justas e informadas não deve recair exclusivamente sobre empresas privadas.

A proibição da OpenAI de desenvolver aplicativos e programas que visem influenciar as campanhas políticas e o processo de votação, é uma medida importante para desencorajar a propagação deliberada de informações falsas. Ao mostrar seu compromisso com a promoção de eleições livres e justas, a empresa está contribuindo para um ambiente eleitoral mais saudável.

É fundamental, no entanto, reconhecer o papel que governos, instituições democráticas e a sociedade como um todo têm nesse processo. Além de marcos legais e regulatórios sólidos, é necessário o engajamento ativo dos cidadãos na busca pela verdade e na defesa de uma democracia transparente. No Brasil, apesar de existirem algumas iniciativas empresariais e governamentais, ainda não há, contudo, uma política pública que estabeleça as diretrizes para regular a IA no País 

Algumas das dificuldades enfrentadas ao regulamentar a IA, incluem a necessidade de considerar os interesses tanto dos desenvolvedores quanto dos usuários, bem como a falta de conhecimento dos reguladores sobre essa tecnologia complexa e em constante evolução. A globalização também representa um desafio, uma vez que os dados utilizados para treinar os algoritmos de IA não possuem nacionalidade específica e podem ser provenientes de qualquer parte do mundo.

Em resumo, a OpenAI merece reconhecimento por tomar medidas proativas para frear a disseminação de desinformação política. A decisão de não permitir o uso de sua tecnologia para manipular as eleições é um passo importante para garantir um ambiente eleitoral saudável e fortalecer a confiança dos cidadãos nos processos democráticos. Porém, é preciso que esse tipo de ação seja acompanhado por esforços conjuntos de governos e sociedade civil para combater efetivamente a desinformação e proteger a integridade das eleições.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores