Borborema: Um Retrato Progressista no Coração do Brejo Paraibano

Photo by Palmarí H. de Lucena
Borborema: Um Retrato Progressista no Coração do Brejo Paraibano

Entre as brumas suaves e a tranquilidade bucólica do Brejo paraibano, encontra-se Borborema, uma cidade que desafia os limites do tempo e da tradição. Conhecida pela sua produção de banana, Borborema é mais do que um centro agrícola; é um oásis de progresso e história entrelaçados em suas ruas e monumentos históricos.

Em seus modestos 63 anos de emancipação política, Borborema acumulou narrativas fascinantes que refletem não apenas o passado glorioso, mas também a visão vanguardista de seus pioneiros. Ao adentrar suas ruas meticulosamente planejadas, é impossível não reconhecer o legado de uma cidade que se ergueu junto com o desenvolvimento do Brasil.

Um marco indelével desse progresso é a presença da primeira usina hidrelétrica do Nordeste, um feito monumental atribuído ao visionário José Amâncio Ramalho. Sob sua liderança, a Empresa Hidrelétrica Borborema iluminou não apenas as casas da cidade, mas também as cidades circunvizinhas de Pilões, Serraria, Solânea, Bananeiras e a própria Borborema de 1919 até 1962, sendo um farol de modernidade e desenvolvimento na região.

Além das proezas industriais, Borborema tem suas raízes firmemente plantadas na terra fértil que a rodeia. O município, que já foi um polo produtor de cana-de-açúcar e café, agora prospera na agricultura familiar, funcionalismo público e comércio local. A paisagem verdejante é marcada pelo cultivo de feijão, milho, mandioca e hortaliças, mas é a plantação de banana que domina os horizontes, fornecendo matéria-prima para deliciosos doces e artesanatos que encantam os visitantes.

A jornada por Borborema revela não apenas sua riqueza histórica e econômica, mas também sua beleza natural e potencial turístico. Aventure-se quem se atreve a escalar as cachoeiras de Boa Vista e Roncador, testemunhando não apenas a grandiosidade da natureza, mas também a determinação da cidade em preservar suas maravilhas naturais.

As trilhas da antiga linha férrea, como a lendária “Great Western Railway Company”, datada do início do século 20, transportam os viajantes para uma era passada de trens e progresso ferroviário, destacando o encurvado túnel da Samambaia, todo lapidado à mão, uma estrutura engenhosa que desafiou a engenharia e a imaginação, oferecendo soluções criativas para obstáculos geográficos e topográficos. A antiga estação de trem de Manitu, é outro marco importante da visão progressista do fundador da cidade, construído durante a escavação do túnel.

Em 1922, a Igreja Nossa Senhora do Carmo foi supostamente construída a pedido da esposa de José Amâncio Ramalho, tempos depois havia  uma placa no frontispício da Igreja desmentindo a construção de Zé Amâncio. As escadarias e as estátuas dos profetas que enfeitam o patamar da igreja, foi o pagamento de uma promessa feita pela esposa de Zé Amâncio e cumprida põe ele. A igreja encontra-se na praça principal, onde hoje tem um letreiro com o nome da cidade. Monumentos e casarões se agregam a histórias de devoção e arquitetura singular, destacando a importância do pensamento avançado e da criatividade no planejamento urbano, demonstrando como espaços públicos bem projetados podem melhorar a qualidade de vida das pessoas, promover a integração social e revitalizar áreas urbanas.

O nome Borborema, que em sua origem sugere terra infértil, é hoje uma ironia para uma cidade que floresceu e se tornou um epicentro de prosperidade e inovação no Brejo paraibano. Convidamos a todos para descobrirem os encantos de Borborema, uma cidade que acolhe com calor humano e promete uma jornada de descobertas e descanso para a alma.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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