Bayeux: Entre Rios, História e Resiliência

Photo by Palmarí H. de Lucena
Bayeux: Entre Rios, História e Resiliência

Situada no coração da região metropolitana de João Pessoa, Bayeux é uma cidade cuja alma se entrelaça profundamente com os cursos d’água que a cercam. Desde meados de 1850, quando ainda era conhecida como “Baralho”, seu embrião urbano começou a se formar à sombra da ponte de madeira que cortava o Rio Sanhauá. Utilizada para secar peixes, a ponte era palco de pescadores que, pacientemente, aguardavam o momento ideal para a venda, jogando cartas enquanto o rio seguia seu curso.

Entre os diversos rios que banham a cidade, destaca-se o Rio Paroeira, afluente do Paraíba, que desempenhou um papel vital no desenvolvimento econômico e cultural da região. Assim como o Sanhauá, o Paroeira não só alimentou a riqueza natural da cidade, mas também moldou a vida das comunidades que prosperaram às suas margens. Povos indígenas como os Potiguara e Tabajara encontraram nos recursos aquáticos a base para sua subsistência, cultura e tradições.

Por muitos anos, a economia de Bayeux foi alicerçada na pesca e na coleta de crustáceos, como o caranguejo, advindos dos manguezais férteis. Entretanto, na década de 1950, um novo capítulo se iniciou com a chegada de indústrias de cordas e tapetes, que modificaram o panorama econômico. Ainda assim, o elo da cidade com seus rios e mangues permaneceu inquebrantável, e esses ecossistemas continuaram a desempenhar um papel essencial na sustentabilidade local.

O Rio Paroeira e outros cursos d’água têm sido alvo de iniciativas que visam à preservação e revitalização de seus ecossistemas. O programa “Jogue Limpo com o Mangue” exemplifica esse esforço, com toneladas de lixo sendo removidas, assegurando que os recursos naturais continuem a sustentar as famílias que deles dependem, mesmo em meio aos desafios do crescimento urbano.

Até a década de 1920, Bayeux era uma simples via de acesso para o interior do estado, mas, com o tempo, começou a se consolidar como um dos principais destinos de veraneio para a elite de João Pessoa. Batizada de Vila de Barreiras, só em 1944 a cidade recebeu o nome que carrega até hoje. A homenagem à cidade francesa de Bayeux, libertada dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, foi feita a pedido do influente jornalista Assis Chateaubriand. Finalmente, em 1959, Bayeux alcançou sua emancipação de Santa Rita, tornando-se município de direito.

A cidade mantém viva sua conexão com a França, visível nos nomes de suas ruas e praças, como a icônica Avenida Liberdade. Hoje, com mais de meio século de história, Bayeux celebra um legado construído sobre lutas, vitórias e uma fé inabalável. As festas religiosas em homenagem a São Sebastião, São Pedro e outros padroeiros são marcos importantes na vida comunitária, reafirmando o espírito de união e devoção que permeia a cidade.

À medida que Bayeux segue em direção ao futuro, ela se esforça para preservar as tradições que moldaram sua essência, enquanto busca um desenvolvimento sustentável. Sua população resiliente, profundamente conectada às suas raízes naturais e culturais, enfrenta o desafio de equilibrar o progresso econômico com a conservação dos ecossistemas vitais. O compromisso com a proteção dos manguezais e rios, aliado ao seu legado histórico, evidencia o papel central que Bayeux desempenha na região metropolitana de João Pessoa — uma cidade que honra seu passado enquanto constrói um futuro promissor.

Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas

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