Bajuladores, também chamados de puxa-sacos ou babões, são as vigas de sustentação de regimes monárquicos, autocráticos ou tirânicos. Cabala de burocratas, intelectuais ou escaladores políticos que agem com cegueira deliberada, sofisma e adulação para manter um governante ou líder no poder, em benefício próprio. Coronel Gaddafi, Kim Jong-un, Bashar al-Assad e Nicolas Maduro estão entre governantes que chegaram e permanecem no poder pelo uso da força bruta, artimanhas antidemocráticas, propagando ideias estapafúrdias e ataques aos cofres públicos, com o apoio servil de bajuladores, políticos e líderes militares privilegiados com benesses do Erário. Data de vencimento do bajulador a ser determinada pelo grau de sujeição as ordens do líder, mesmo quando contrariando princípios éticos profissionais ou evidências cientificas.
Arte da bajulação prosperou no Brasil nos tempos da Corte Portuguesa, instalada no ano de 1808. Demandava-se então elogios ad nauseam de beneficiados com cargos públicos ou dedicatórias obsequiosas como uma maneira de obter acesso a serviços tipográficos da Coroa, a única gráfica disponível ao terminar a proibição de publicar livros na colônia. Praticamente, todas as obras publicadas durante os primeiros anos da tipografia brasileira traziam elogios a algum poderoso ou à “nação portuguesa”, era de rigueur que o autor se autointitulasse: “seu mais fiel e humilde vassalo”, como fez o Visconde de Cairú, o primeiro a fazer uma dedicatória em uma obra impressa, no livro “Observações sobre o comércio franco no Brasil”, dedicada a ideais liberais.
Nos Estados Unidos, Donald Trump se cercou de bajuladores, ou chamados “yes-men”,que militam na periferia do poder, estrapilhos defendendo teorias de conspiração e posições ideológicos amorfas, majoritariamente amorais, de um fanfarrão narcisista subestimando as instituições democráticas do País. Mentiras e desinformação alavancaram políticas públicas, negacionista contra tudo e todos defendendo a preponderância da ciência e do conhecimento. Políticos Republicanos agiram como passadores de panos, justificando tropeços, decisões equivocadas ou preconceituosas.
Seu homologo brasileiro, Jair Bolsonaro, trouxe bajulação a um novo patamar, rivalizando seus antecessores nas demandas por fidelidade de políticos incompetentes, militares da reserva e pastores evangélicos sem a relevante formação técnica e operativos da quiproquó da velha político. Cometendo erros graves, alguns com consequências mortais, valorizando a influência de bajuladores em posições estratégicas, transformando o poder público em terreno fértil para aqueles cujos interesses ou vaidade pessoal, asfixiam os interesses do povo. Bajuladores são personagens maléficas em regimes despóticos e ameaças em regimes republicanos.
É lamentável ver a atuação servil de profissionais que aceitaram cargos importantes na nomenclatura do governo, se convertem em negacionistas instantâneos. Basta olhar nas páginas das mídias sociais para entender o nível de corrupção intelectual e servidão de ministros, relativizando tudo que aprenderam ou juraram cumprir, para manter-se nos cargos que ocupam. Aceitação social do bajulador é uma chaga da nossa sociedade, um resquício de vassalagem antidemocrática impedindo o Brasil de progredir, de assegurar paz e justiça a todos seus cidadãos.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores