Atoleiro de lideres populistas

Atoleiro de lideres populistas

Jair Bolsonaro tem uma resposta para todos aqueles que desafiam suas políticas ou pretensões eleitorais, “Quem me colocou aqui foi Deus, só ele me tira daqui.” Temos, no entretanto, o fantasma de uma crescente e incontrolável inflação pairando sobre as ambições presidenciais. Preços estão aumentando mais rapidamente do que em quase duas décadas no Brasil, um país com uma história relativamente recente de episódios inflacionários desastrosos, podendo sinalizar o prelúdio de um possível fiasco eleitoral apesar da imunidade assegurada pela proteção divina, que o político sugere abençoá-lo, mesmo enquanto prática ações anti-humanitárias ou apoia esquemas políticos autoritários contrários as instituições do Estado Democrático de Direito.    

Mantendo-se no poder, instigando paixões nacionalistas, fomentando guerras culturais e divisões profundas no eleitorado, líderes autoritários, como Bolsonaro, Orban da Hungria e Erdogan da Turquia, se encontram emparedados por extraordinários aumentos de preços, desvalorização de moedas nacionais e crescente inflação. Perigo real e inesperado para aqueles que se prepararam para eleições nacionais nos próximos dois anos, enfrentando os efeitos das agruras da onda inflacionaria galvanizando e energizando oposição ao governo de uma maneira que poucos poderiam imaginar meses atrás, com possíveis consequências eleitorais desastrosas.

A crise financeira global foi uma dádiva de Deus para líderes autoritários. Baixas taxas de juros beneficiaram countries com democracias enfraquecidas ou semi-autoritarias,  muitas vezes autoritárias, como terrenos férteis para capital estrangeiro. Com o começo da recuperação economia global dos efeitos da pandemia, uma combinação de interrupções da cadeia de abastecimento, impressão de dinheiro por bancos centrais e aumento de gastos públicos para incentivar a recuperação econômica, inflamaram aumentos de preços mundo afora. Fatores que induziram líderes de muitos países em desenvolvimento de abandonar o liberalismo econômico, enquanto investidores globais precificam os riscos crescentes de continuar investindo nestes mercados.  

Tradicionalmente, o remédio contra a inflação requer uma combinação de juros altos estabelecidos por bancos centrais e reduções drásticas de gastos públicos, medidas que provavelmente prejudicariam crescimento econômico e empregabilidade, com  potencial de afetar negativamente prospectos de reeleição de líderes autoritários eleitos com posturas nacionalistas, negacionismo e ressureição do comunismo como o novo bicho papão assombrando a humanidade, enquanto suas economias sobrevivem exportando commodities para a China. De igual importância, é de serem governos incumbentes, o que dificulta atribuir culpa a terceiros pelas condições da economia, dependência em alianças politicas espúrias ou capacidade diminuída de reacender narrativas conspiratórias, fora de sintonia por cidadãos, cujo padrão de vida está despencando rapidamente ou que se encontram em situação de pobreza abjeta.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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