Vivemos em um mundo repleto de incertezas e desafios, e uma das maiores preocupações atuais diz respeito às ameaças existenciais. Essas ameaças, por serem de natureza global, têm o potencial de afetar a humanidade como um todo, colocando em risco nossa própria existência.
Uma ameaça existencial pode se manifestar de várias formas, como mudanças do nível do mar e a destruição de ecossistemas que podem ter o potencial de causar alterações climáticas abruptas e irreversíveis, resultando em aumento desenfreado das temperaturas e tornando nosso planeta inabitável para a vida humana. Além disso, a inteligência artificial e a automação, embora tragam inúmeros benefícios, também podem representar uma ameaça se não forem utilizadas de maneira ética e responsável, podendo prejudicar a humanidade como um todo, se estiverem fora de controle.
Não devemos esquecer também das ameaças provenientes do desenvolvimento de armas de destruição em massa. A posse de armas nucleares por parte de nações instáveis ou o surgimento de novas tecnologias com potencial de causar destruição em massa representam perigos reais para a humanidade. A utilização irresponsável dessas armas ou seu acesso por grupos extremistas pode facilmente resultar em um desastre de proporções apocalípticas.
Ao abordar o tema das ameaças existenciais, é importante fazê-lo com cautela e considerar diferentes pontos de vista. No caso do conflito entre Israel e Hamas, a ideia de que os palestinos representam uma ameaça existencial para Israel é frequentemente utilizada pelo governo de Benjamin Netanyahu como justificativa para ações militares desproporcionais na Faixa de Gaza. Da mesma forma, declarações públicas de funcionários eleitos israelenses sobre o uso de armas nucleares em Gaza podem ser vistas como uma ameaça existencial contra o povo palestino. A mesma abordagem também é usada pelo governo de Vladimir Putin para embasar a agressão militar e anexação de território ucraniano, utilizando sua enorme superioridade bélica e ameaças de uso de armas nucleares para defender as ambições territoriais da Rússia.
Torna-se necessário considerar o contexto histórico e político de ambos os conflitos, levando em conta que ambos os lados têm reivindicações territoriais legítimas e têm experimentado longos períodos de violência e tensão em suas fronteiras. São questões complexas com raízes profundas que abrangem questões de soberania, direitos humanos, segurança e autodeterminação.
Deve-se reconhecer que nem todos os palestinos apoiam grupos extremistas como o Hamas, assim como nem todos os russos apoiam a intervenção contra os ucranianos, e que existe uma diversidade de perspectivas e opiniões dentro das respectivas sociedades. Além disso, é fundamental buscar soluções pacíficas para os conflitos, por meio do diálogo, negociações e respeito mútuo. Somente através do reconhecimento dos direitos de ambas as partes e do comprometimento com a justiça e segurança será possível alcançar uma paz duradoura, em vez de simplesmente rotulá-las como sendo “ameaças existenciais”.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores