Algodão de Jandaíra: Um Tesouro Histórico e Cultural a Ser Preservado

Photo by Palmarí H. de Lucena
Algodão de Jandaíra: Um Tesouro Histórico e Cultural a Ser Preservado

A história de Algodão de Jandaíra remonta aos séculos passados, quando o Agreste Paraibano começava a ser desbravado no século XVII. Hoje, essa região floresceu em um município em expansão, mas suas raízes estão firmemente ligadas à época em que pertencia à Remígio, que fazia parte do Território da Aldeia. Em 1713, membros das famílias de donatários da Capitania de Pernambuco deixaram sua marca na colonização da área: Duarte Coelho Pereira (Filho), Jorge de Albuquerque Coelho (Neto) e Matias de Albuquerque.

Inicialmente habitada por tribos indígenas das tabas de Queimadas e Jandira Caxexa, essa terra selvagem viu a presença dos primeiros colonizadores em 1778, nas proximidades da Lagoa de Remédio, assim nomeada devido à posse por um homem chamado Remígio, genro de Barbosa Freire, renomado desbravador da região.

A fazenda Jandaíra, distante e estratégica entre Areia e a Vila de Pocinhos, foi um ponto crucial na história local. Nas cercanias dessa fazenda, encontrava-se Algodão, um local de passagem de gado e refúgio para tropeiros. O Major Joaquim dos Santos Leal, dono da fazenda Jandaíra, teve participação em movimentos políticos contrários ao Império, ligados à Revolta Praieira. Essa revolta, iniciada em Recife e estendida até Areia, resultou em conflitos armados e na eventual retirada dos rebeldes para a antiga fazenda, transformando-a em um refúgio temporário.

O major, envolvido acidentalmente em uma trama criminosa, foi condenado a passar seus dias na prisão de Fernando de Noronha, onde faleceu em meio a grandes sofrimentos. Sua família, da linhagem dos Santos Leal, foi perseguida por anos, e novamente, a fazenda Jandaíra se tornou um refúgio vital para sua sobrevivência.

Além das pinturas rupestres que adornam as serras circundantes do município de Algodão de Jandaíra, outras evidências da presença ancestral na região são encontradas nas inscrições nas rochas da Pedra da Letra, Pedra do Caboclo, Pedra Furada e Pedra do Poço. Essas inscrições testemunham épocas remotas da humanidade, revelando uma riqueza cultural significativa através da arte elaborada pelos povos pré-históricos, manifestações culturais que reforçam a necessidade crucial de preservação dessas evidências para enriquecer a identidade e história da região.

José Américo de Almeida, que viveu sua infância em Algodão de Janaina, descreve a região como um tesouro histórico, onde cada rocha conta uma história e cada inscrição revela um mistério. Preservar e valorizar esse legado não é apenas um dever, mas também uma forma de enriquecer nossa compreensão sobre nossa ancestralidade e fortalecer nossa identidade como povo.

É imperativo que as autoridades responsáveis pela proteção do patrimônio histórico-cultural ajam para o tombamento oficial da Gruta do Caboclo como bem arqueológico e espeleológico. Medidas mitigadoras e fiscalizatórias devem ser implementadas conforme a legislação vigente, garantindo a salvaguarda deste importante reduto da cultura mortuária indígena contra saqueadores e degradadores. Preservar o legado de Algodão de Jandaíra é honrar não apenas o passado, mas também o futuro de uma região rica em história e cultura.

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores

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