No âmago da Paraíba, Alagoa Grande se destaca como um verdadeiro baú de tesouros históricos e culturais. A cidade pulsa com uma energia que reflete séculos de tradição e resiliência, não sendo apenas um ponto no mapa, mas um universo vibrante de experiências. Cada esquina revela fragmentos de um passado rico, enquanto suas paisagens naturais abrem janelas para um futuro promissor.

Entre os atrativos mais notáveis, encontram-se os lendários Engenhos Volúpia e Gregório, relíquias de uma época áurea da produção de cana-de-açúcar. Aqui, o visitante não apenas observa, mas vivencia o processo artesanal de fabricação da cachaça, uma das mais célebres expressões da culinária paraibana. Este elo entre o passado e o presente cria uma ponte viva que conecta gerações, convidando todos a degustar o sabor da história em cada gole dessa bebida tradicional.

Outro ponto obrigatório em Alagoa Grande é o Memorial de Jackson do Pandeiro, filho ilustre da terra e um ícone da música brasileira. O memorial oferece mais do que uma homenagem; ele é uma imersão na obra e no legado do rei do ritmo. A música de Jackson transcendeu as fronteiras nordestinas, e para os admiradores, o espaço proporciona uma experiência que pulsa com a essência da cultura nordestina, onde cada batida do pandeiro ecoa nas raízes da musicalidade nacional.

Alagoa Grande, no entanto, não é apenas celeiro de música e cultura; ela também carrega em suas entranhas a marca da resistência. A Revolta do Quebra-Quilos, que eclodiu no final do século XIX, teve na cidade um de seus epicentros. Esse levante foi uma reação às mudanças impostas pelo governo imperial brasileiro, que alterou o sistema de pesos e medidas, aumentando a pressão sobre pequenos produtores e comerciantes. O movimento foi um marco de resistência popular e da luta por justiça social, e suas lembranças ainda reverberam nas ruas e na memória coletiva da cidade. Essa tradição de luta é complementada pelo legado de Margarida Maria Alves, líder sindical que também nasceu em Alagoa Grande e deixou sua marca na defesa dos direitos trabalhistas.

A comunidade quilombola de Caiana dos Crioulos é outro símbolo de resistência e preservação da herança africana. Suas tradições culturais e gastronômicas continuam a florescer, celebrando a ancestralidade que se perpetua em meio às dificuldades da modernidade.

O patrimônio arquitetônico de Alagoa Grande é outro de seus pontos fortes. A imponente Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem e o majestoso Casarão de Dona Quinô são testemunhos de tempos passados, com suas fachadas desafiando a ação do tempo. O Teatro Santa Ignêz, uma verdadeira joia cultural, não apenas exibe sua beleza arquitetônica, mas também funciona como um palco vibrante para a criatividade e expressão artística da cidade.

Com sua rica tapeçaria de histórias, cultura e resistência, Alagoa Grande é um convite aberto a todos que buscam conhecer a alma da Paraíba.

Palmarí H. de Lucena, Paraíba do Alto: Histórias e Imagens Aéreas