Condenados a funcionar em locais inseguros, infraestrutura inadequada para a comercialização dos seus produtos, operando em condições insalubres, os mercados públicos da cidade apresentam sinais de decadência e risco de inviabilidade econômica. Falta de gestores profissionais, suposta ingerência política na nomeação de administradores, obtenção de crachás de ambulantes para cabos eleitorais e o virtual abandono das áreas dos mercados evidenciam o descompromisso do poder público com os comércios e consumidores deste segmento, uma importante fonte de geração de empregos.
O exemplo mais grave do abandono da gestão municipal é o chamado Mercado Modelo no coração do Centro Histórico. Demolido pela Prefeitura em 2012, desalojados os comerciantes migraram para outra praça em frente ao Terminal do CBTU, estabelecendo a chamada Feira da Troca. Carentes de infraestrutura física, os comerciantes retornaram ao antigo local próximo ao Terminal Rodoviário em 2014. Local transformado num antro de criminalidade, tráfico de drogas e venda de objetos roubados, comércio ilegal viabilizado pela inoperância de uma gestão municipal mais interessado em remir-se de qualquer responsabilidade no empurra-empurra com o Governo do Estado.
Estivemos recentemente em vários pavilhões com produtos perecíveis e áreas abertas de comercialização de frutas e verduras do Mercado Central. Nos deparamos com monturos de lixo orgânico, esgoto correndo ao céu aberto, paredes e telhados danificados, falta de instalações sanitárias adequadas e proliferação de barracas na parte posterior dos edifícios principais, um caso de miséria escondida no quintal. A sociedade demanda proatividade da Prefeitura e a Câmara Municipal no desenvolvimento de ações inovadoras para a reabilitação sustentável dos mercados públicos e de áreas nos seus entornos.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores