A vaidade cara dos brasileiros

O New York Time, o International Herald Tribune e a prestigiosa revista Forbes publicaram recentemente artigos sobre o consumidor brasileiro. Preços exorbitantes; na berlinda nossa tendência de comprar carros e artigos importados. Turistas brasileiros tiveram gasto recorde no exterior, 10,7 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2012. Somos os que mais compram por pessoa nos EUA, à frente dos japoneses.

Piores exemplos são os carros. O Corolla um carro de preço acessível no exterior, aqui é vendido por pelo menos de R$ 60 mil, portanto considerada um artigo de luxo. Produto globalizado, o carro em ambos os casos é nacional, a Toyota os fabrica nos dois países. Cobramos 40% do valor de um carro na forma de tributos. Nos EUA e na China a taxa é 20%. Enquanto o padrão global é ter um imposto específico para o consumo, aqui são seis: IPI, ICMS, ISS, CIDE, IOF, COFINS. O ICMS, por exemplo, incide sobre o COFINS e o PIS. Terminamos pagando imposto sobre imposto.

Status é a segunda razão para a variação em preços. Impostos altos e vaidade estão nos transformando em um país de sacoleiros. Pagamos em media 60% a mais por um IPAD Wi-Fi 16 GB, que norte-americanos e europeus pagam pelo mesmo item. A disparidade se aplica a qualquer outro artigo de consumo. Vendidos como artigos diferenciados nos shopping brasileiros, artigos de marcas populares no exterior. Estamos nos transformando em um país de sacoleiros, como em décadas passadas.

O Smart, um carrinho comum entre jovens e aposentados na Europa, devido ao seu preço acessível, é considerado um artigo de luxo no Brasil. Talvez uma maneira de demonstrar que o proprietário tem R$ 60 mil sobrando. O preço alto vira uma razão para comprar o objeto, às vezes, a única razão.

O governo vem tentando medidas para aliviar as pressões do câmbio e reduzir impostos em alguns itens, como autopeças. Bom começo. Quem sabe, um dia não seja mais necessário passar horas em um avião para comprar computadores e outros bens de consumo a preços razoáveis. Enquanto não se resolve o problema de tributação excessiva, poderíamos ao menos começar a considerar o custo/benefício das nossas compras em vez de simplesmente pagar mais por esta vaidade tão própria da nossa sociedade?

Palmarí de Lucena é membro da UBE