Dramatizando a crescente tendência de vandalismo contra o patrimônio público, a destruição parcial da estátua de Iemanjá no Cabo Branco galvanizou sentimentos de rejeição e solidariedade contra a covardia do ataque. Ato que expôs marcas profundas do desrespeito ao direito alheio, sua anonimidade encobrindo atitudes negativas e supostamente intolerantes á diversidade religiosa. A pequena geografia do feito expondo a transversalidade do vandalismo alimentado por preconceitos e sentimentos de exclusividade. Monumentos de Buda espatifados por mísseis pelo Talibã, comunidades e igrejas cristãs destruídas pelo Estado Islâmico, imagens da Virgem Maria quebrados por pastores em cultos religiosos, demonstram a força nefasta do poder desagregador da globalização da intolerância.
Leis qualificando como crime a destruição, inutilização ou deterioração da propriedade alheia têm provado ser insuficientes e ineficazes no combate à mais frequente das ocorrências: a pichação de monumentos públicos e bens municipais. Vandalismo aleatório do patrimônio público, um fenômeno que afeta as áreas centrais ou históricas das principais cidades, apresenta um dos grandes desafios às autoridades.
Certeza de impunidade devido a falta de aplicação das leis, causa a propagação do vandalismo, poluindo as cidades e provocando prejuízos milionários, pagos, no caso da manutenção do patrimônio público, com dinheiro do contribuinte, nos transforma em vítimas de uma cultura urbana de desrespeito à coisa pública e a propriedade privada.
Testemunhamos impotentes a destruição do nosso patrimônio histórico por vândalos, alguns monumentos ainda cheirando a tinta fresca. Restaurada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa há três anos atrása estátua de Iemanjá sendo a mais nova vítima dos vândalos que povoam logradouros pouco policiados. Assim começa o ciclo vicioso de destruição e restauração paga pelos cidadãos, vítimas do crime.
Palmarí H de Lucena é membro da União Brasileira de Escritores