Museu de Arte Contemporânea de Monterrey, México. Celebração do casamento de uma mulher católica com um homem hindu. Diversidade cheia de riscos e possibilidades. Coexistindo festivamente, banqueiros, colegas das Nações Unidas, amigos de infância e familiares. A história oral dos nubentes em vários idiomas. Bombaim, Nova Iorque, Dubai, Londres, Singapura ou São Paulo, havia sempre algo novo para contar a respeito das vidas ou do romance. Sáris e vestidos de soirée, fragrâncias do Oriente, do Ocidente, mistura de gente bonita, sucesso e elegância. Conclusão de três dias de festividades…
“Fiesta mexicana”, amigos íntimos e família. Éramos parte da história. Chefe e mentor da jovem advogada nas Nações Unidas, santuário emocional após o dia 11 de Setembro, designado como seu “pai substituto” em Nova Iorque. Consultados sobre os aspectos culturais e religiosos, transmitimos impressões positivas à família, após jantar com o casal em Nova Iorque.
Recepção de boas-vindas. Evento formal, os convidados da Ásia, Europa e Estados Unidos haviam chegado. Namastês, “abrazos” e apertos de mão. Babel alegre, moderna. Os mexicanos, na maioria família, conversavam animadamente entre si, salvo aqueles que falavam Inglês. Um banqueiro italiano acompanhado de sua esposa eurasiana foram um dos últimos em chegar. O noivo nos apresentou…
Kim, designer de jóias na Itália. “Femme allumeuse”. Novas histórias se entrelaçavam. Comentário intempestivo: “Vocês são de São Paulo? Ah, adoramos a Daslu!”. Paraíba, respondemos. Descrentes de que demonstrasse maior interesse pelo lugar. ”Paraíba! Eu amo as paraibas!”. Perguntamos se conhecia nosso estado. Conhecia somente as paraibas, o epônimo, nome genérico das turmalinas azuis encontradas na Paraíba… Pedras preciosas eram seu metier, começou uma longa explicação…
Depois de prospectar por mais de cinco anos, um garimpeiro persistente, encontrou as primeiras turmalinas nas serras da Paraíba. A gema azul neon encontrada em 1989, tornou-se imediatamente uma das raras, caras e procuradas do mundo. O mercado se expandiu no principio do Milênio, com descobertas de “paraibas” de cores variadas, cor-de-rosa, de melancia e verde; em Moçambique e na Nigéria. A luminescência do “neon” que as torna mais valiosas é causada pela presença de cobre. Continua sendo a turmalina da Paraíba, usada como o “metro de ouro”, para determinar a “paraibanidade” das gemas produzidas mundialmente. Lamentando a dificuldade em encontrar nossas paraibas, Kim suspirou…
Caminhávamos na 5ª Avenida, anos depois, próximos do coração do Distrito de Diamantes dos Estados Unidos. Procuramos turmalinas azuis. Foi-nos apresentada uma pequena bandeja coberta de veludo, com uma pedra azul neon. Hesitamos em perguntar o preço. Prometemos voltar, caso decidíssemos. “Giselle, a top model brasileira comprou brincos de turmalinas da Paraiba, vinte e cinco mil dólares”, comentou. Falha tentativa de motivação. Partimos sem a nossa paraiba…
Descoberta nas serras da Paraíba, há duas décadas, as turmalinas ainda estão sendo retiradas do solo à mão, com instrumentos como cunhas e marretas. Veios com espessura fina, não excedendo a grossura de um lápis. Fragmentam-se facilmente. Causa grandes perdas a maneira artesanal da extração, contribuído para que as paraibas sejam mais raras e caras.
Paraibas brilhando nos salões dos ricos e famosos. Garimpeiros, que não brilham, buscam as riquezas da terra. Paraíba pequenina, famosa no mundo inteiro. Eu tenho pra vender… Quem quer comprar? Nova Iorque 2008