Os debates políticos no Brasil muitas vezes mais parecem espetáculos teatrais do que discussões genuínas sobre o futuro do país. As palavras são meticulosamente escolhidas para criar uma imagem de ética e compromisso com o bem comum. No entanto, o que deveria ser um espaço para troca de ideias se transforma, frequentemente, em um campo de batalha, onde prevalecem mentiras, trocas de desaforos e, em casos mais extremos, até mesmo violência verbal e física.
Ao invés de discutir propostas, muitos políticos preferem atacar seus adversários pessoalmente, distorcendo fatos e alimentando uma narrativa de confronto que pouco ou nada acrescenta ao debate democrático. Promessas são feitas com facilidade durante a campanha, mas são rapidamente abandonadas após a eleição. O que era apresentado como uma luta por princípios e ideais degenera em uma corrida por interesses próprios, onde alianças estratégicas e favores políticos são mais importantes do que qualquer compromisso real com o eleitor.
Nos últimos anos, temos assistido a um aumento da violência nos debates políticos, tanto no tom das discussões quanto nas ações dos próprios candidatos. A retórica agressiva, recheada de acusações e insinuações, parece ser usada como uma arma para desestabilizar o oponente. Em algumas ocasiões, os embates ultrapassam o limite das palavras, e ameaças veladas ou até confrontos físicos ganham espaço, levando o público a testemunhar um verdadeiro show de horrores, onde o respeito e a decência são esquecidos.
A cultura da mentira e da agressividade no discurso político cria uma cortina de fumaça que impede o eleitor de enxergar o que realmente está em jogo. A cada ciclo eleitoral, figuras que prometem renovação, mas agem com os mesmos métodos desgastados, emergem no cenário político. Eles inflamam a população com palavras de ordem e desinformação, sem, no entanto, oferecer soluções concretas para os problemas que afligem o país.
Essa combinação de mentiras e violência no campo político contribui para o enfraquecimento das instituições e da própria democracia. Os eleitores, cansados do embate constante, passam a desacreditar não apenas nos candidatos, mas no processo eleitoral como um todo. A política, que deveria ser o espaço para o diálogo e a construção coletiva, torna-se um campo minado, onde prevalecem o desrespeito e a manipulação.
É preciso, urgentemente, resgatar a seriedade dos debates políticos no Brasil. Políticos que recorrem à violência, seja ela verbal ou física, e que fazem das mentiras sua principal ferramenta de persuasão, não deveriam ser premiados com a confiança pública. A verdadeira mudança só virá quando o eleitorado exigir debates baseados em propostas reais, em respeito mútuo e no compromisso com o bem-estar da sociedade. Somente assim será possível construir uma política onde os interesses do país estejam acima dos interesses pessoais.
Por enquanto, os debates continuam a ser um espetáculo de desaforos, promessas vazias e agressividade. E, nesse teatro político, o maior perdedor é o povo brasileiro, que segue assistindo ao show, sem que as soluções para os problemas reais do país sejam devidamente discutidas e implementadas.
Palmarí H. de Lucena