Boeing 737 da Ghana Airways voando em círculos, no espaço aéreo de Acra. População da cidade com olhos fixos nos céus, mãos acenando na direção da aeronave. Abraços, abraços, abraços. Barulho infernal das buzinas dos carros. Ônibus lotados a caminho do aeroporto. Tinham algo positivo para celebrar. Passageiros do vôo, as Estrelas Negras de Gana, a equipe campeã da Copa da África de 1982. Vitória nos pênaltis contra a Líbia, em Trípoli. Coronel Muamar Kadafi, cancelou uma doação solidária de produtos petroquímicos, que havia prometido ao povo de Gana…
Pessoas afiliadas com organizações internacionais e empresas estrangeiras haviam organizado um evento para arrecadar recursos para a compra de camisas e chuteiras para a equipe, meses antes do retorno vitorioso. Os pés que chutaram os pênaltis contra o arco do goleiro líbio…
Pinturas, máscaras e objetos de arte dos países onde vivemos, são nossas lembranças da África. Máscara tribal originária dos Camarões, dentre as favoritas. Vendida por um jogador da seleção do grande Roger Milla, ora em Gana, disputando a Copa da África. Precisavam desesperadamente de dinheiro para arcar com as despesas de hospedagem.
Passados os anos…
Liderados e inspirados na magia de Roger Milla, a Seleção Camaronesa, foi um dos destaques da Copa do Mundo de 1990, fato inédito na história do futebol. Venceram a poderosa Argentina, campeã da Copa do Mundo de 1986. Milla comemorava gols de uma forma alegre, fã incondicional do “jogo bonito”do Brasil, lembrando seu ídolo, o jogador brasileiro Careca.
A seleção nacional de Gana derrotou a equipe brasileira na final do Mundial da FIFA Sub-20 de 2009, no Egito. Vários membros da equipe são hoje titulares da seleção disputando a Copa do Mundo da África do Sul. Paulo Henrique Ganso, do Santos, é o único jogador da seleção brasileira que poderá ser convocado.
É evidente a influência do futebol africano, nas gloriosas apresentações dos seus jogadores, nos campos da Europa. Clubes reclamam constantemente do êxodo dos seus melhores jogadores para participar da Copa da África. Os tempos de George Weah e Roger Milla, como as únicas estrelas, passaram. Hoje, cerca da metade dos jogadores convocados para seleções africanas, estão em equipes da primeira divisão do futebol europeu. Estrelas como Samuel Eto’o dos Camarões; Didier Dogba, Kolo e Yaya Touré, Salomon Kalou e Emmanuel Eboue da Costa do Marfim e Michael Essien de Gana, estarão presentes na África do Sul.
Listadas entre as primeiras cinquenta do ranking da FIFA, estarão presentes cinco equipes, os Leões Indomáveis dos Camarões (19ª); as Super Águias da Nigéria (20ª); os Elefantes da Costa do Marfim (27ª); as Raposas do Deserto da Argélia (31ª) e as Estrelas Negras de Gana (32ª). A Bafana Bafana da África do Sul (90ª) é a única fora do grupo. Seleções da elite do futebol africano, como os Faraós do Egito e as Panteras do Gabão, na 11ª e 41ª posições, não conseguiram classificar-se.
Recentemente, os Veados do Baixo Rio Ubangui da Republica Central Africana, a pior seleção do continente e a penúltima do mundo, chocou o público vencendo as Panteras do Gabão. Consagrando-se campeã de um torneio sub-regional. A lei da selva não se aplica ao futebol…
África do Sul 2010