A espera de um milagre

Milhares de caminhões bloqueando rodovias ou estacionados em acostamentos, removeram o precário manto de um malabarista político se reinventando como um corajoso reformista. Líder fragilizado politicamente pela inesperada nudez, forçado a nadar debilmente contra as correntes do descontentamento, à mercê de um cardume de personagens predatórias à espreita em águas tenebrosas. Refém dos ardis de partidos fisiologistas, políticos represando dinheiro do contribuinte para fins eleitorais e a flagrante desconexão com as realidades do cotidiano do povo brasileiro.

Terceirizando seus “parças” como covers do poder presidencial, franqueando concessões e mitigando o impacto do movimento grevista com soluções provisórias e insustentáveis ao longo prazo. Uma das decisões mais questionáveis foi a criação de um “púlpito de bully” no Palácio do Planalto para externar a truculência e os truísmos do bilioso Ministro Carlos Marun, outrora a figurinha mais valiosa do álbum da milícia de janízaros que obliterou a saída de Eduardo Cunha, como o líder incontestável da Hidra pseudodemocrática por ele criada e nutrida pelo fisiologismo e recursos do Erário.

Temos um presidente debilitado por graves suspeitas de corrupção e ligações perigosas com traficantes de influência. Malsucedido em conectar-se com o povo, sua aparência encerada e linguagem corporal rígida inspiram comparações com estátuas de um museu de cera.Gestual nervoso, mãos movendo em descompasso com as palavras do discurso, balançando o indicador constantemente, ora espelhando um flanelinha, ora impondo a severidade descabida de um professor autoritário.

Estamos atravessando uma das maiores crises do Brasil liderados por um Presidente com baixíssima aceitação popular, alvo de questionamentos sobre a legitimidade do seu mandato e suspeito de deslizes éticos e corrupção, por parte de sua equipe e rol de amigos palacianos. Estamos à deriva esperando que um milagre aconteça em 2018, talvez chegou a hora de provar que Deus é realmente brasileiro…

Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritoreds