A Ascensão do Protecionismo Predatório: Desafios e Estratégias do Brasil no Cenário Global

A Ascensão do Protecionismo Predatório: Desafios e Estratégias do Brasil no Cenário Global

A estratégia “America First”, popularizada por Donald Trump, não é apenas uma versão do slogan isolacionista dos anos 1940, mas uma reinterpretação que busca engajamento ativo e predatório. Ao invés de se afastar do mundo, Trump recorre a uma exploração das relações internacionais, onde os outros países não são vistos como parceiros, mas como fontes a serem exploradas para garantir vantagens unilaterais. Através de tarifas comerciais ou “pagamentos” por proteção militar, sua política reflete um estilo empresarial que busca extrair benefícios diretos para si e sua família.

Esse comportamento é exacerbado pelas dificuldades financeiras de Trump, que enfrenta uma dívida judicial de quase 500 milhões de dólares devido a acusações de fraude e difamação. Com ativos complexos e sujeitos a pesados impostos sobre ganhos de capital, ele recorre a acordos internacionais que, muitas vezes, vão além da diplomacia, buscando fontes externas de apoio financeiro. Esses acordos, motivados por interesses próprios, podem gerar riscos e aprofundar a dinâmica predatória da sua política externa.

O protecionismo de Trump, embora tenha mudado de mãos, não desapareceu com a administração de Joe Biden. Apesar de prometer um retorno à ordem internacional tradicional, Biden manteve e expandiu as tarifas impostas por Trump, com medidas como o “Inflation Reduction Act”, voltadas para a proteção da indústria doméstica. Essa postura defensiva e insular em relação ao comércio global reflete a continuidade de um retrocesso iniciado durante a crise financeira global e a Grande Depressão, cujas lições ainda moldam a visão americana sobre o comércio global. A narrativa de que o sucesso de outros países prejudica os Estados Unidos fortaleceu-se, obscurecendo a ideia de que o crescimento coletivo pode beneficiar a todos.

Essa perspectiva gera um desafio fundamental: como recuperar a confiança na prosperidade mútua? A falta de experiência com crises como as de 1929 dificulta a valorização de uma visão cooperativa, mas a história nos ensina que grandes crises globais podem reacender o desejo por cooperação internacional. A prosperidade de um país está irremediavelmente ligada ao destino dos outros, e é essencial reconstruir essa visão.

Para o Brasil, os desafios impostos pelo protecionismo exacerbado e pela predatória postura americana exigem uma estratégia robusta e autônoma. O país deve buscar reduzir sua dependência das potências globais e diversificar suas relações comerciais, ampliando acordos com a Ásia, Oriente Médio e África, além de fortalecer parcerias regionais no Mercosul. Isso garantirá maior resiliência e acesso privilegiado a mercados próximos, essencial para enfrentar choques externos.

Além disso, o Brasil deve implementar políticas industriais para reduzir a dependência de insumos estrangeiros, investindo em setores estratégicos como tecnologia, energia renovável e agronegócio de alta tecnologia. A busca por um papel mais ativo nas organizações internacionais, como a OMC, é crucial para assegurar regras claras contra práticas comerciais predatórias e tarifas arbitrárias. O Brasil deve lutar por um sistema de comércio global mais justo, monitorando e renegociando tratados que possam colocá-lo em desvantagem.

No cenário diplomático, o Brasil deve fortalecer sua presença em fóruns como o BRICS e o G20, propondo iniciativas conjuntas contra o unilateralismo e a exploração comercial. É fundamental que o país reexamine seus acordos comerciais, buscando condições mais vantajosas para suas exportações e garantindo um papel mais independente no comércio global.

Essas ações devem ser implementadas com uma visão de longo prazo. Ao adotar uma postura mais soberana e estratégica, o Brasil poderá se proteger das dinâmicas predatórias do comércio global, garantindo seu crescimento econômico de forma independente e sustentável. Só assim o país estará preparado para navegar pelas tensões globais e garantir um futuro próspero, sem ser refém das políticas unilaterais de potências como os Estados Unidos.

Palmarí H. de Lucena

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