Nos rincões do meu Nordeste,
A cantoria é tradição,
Um verso que nasce e cresce,
Na alma e no coração.
É mais que rima e compasso,
É pura improvisação.
Cantador não é só verbo,
É músico e é poeta,
No repente, ele enxerga,
A vida de forma completa.
O verso surge ligeiro,
Na mente, já bem concreta.
Improvisar é ciência,
Com regras bem definidas,
Rima, métrica, e cadência,
São normas estabelecidas.
Porém, na voz do poeta,
Tornam-se mais coloridas.
A viola dá o tom,
Com sua melodia e voz,
Cada corda, um coração,
Que vibra dentro de nós.
E o público atento escuta,
Participa, é algo atroz.
É troca contínua de versos,
Entre poetas e gente,
Cada rima, um universo,
Que se cria no repente.
O público é ator e guia,
Na cantoria presente.
Cada apresentação,
É única, sem igual,
Com toadas e emoção,
Criam-se versos de sal.
A musicalidade é guia,
No improviso, é ritual.
A cantoria é arte viva,
De criação e de ação,
Onde o verso se cultiva,
Com paixão e devoção.
E cada cantador mostra,
Sua superior invenção.
Entender essa magia,
Requer mais que ouvir o som,
É saber que a cantoria,
Tem seu ritmo e seu dom.
É a voz do Nordeste,
Cantada com precisão.
Palmarí H. de Lucena, João Pessoa, 08 de julho de 2024