Nas festas de hoje, os visuais deslumbrantes contrastam com a escassez de diálogos significativos. É fácil se perder na multidão de mulheres inteligentes e homens charmosos, envoltos em uma atmosfera repleta de música barulhenta e bebidas. No entanto, o verdadeiro tesouro desses eventos não reside nas aparências ou nos prazeres efêmeros, mas sim na rara oportunidade de engajar-se em conversas autênticas e profundas.
Pare e reflita: quando foi a última vez que participou de um evento social e se envolveu em uma conversa que verdadeiramente o cativou? Aquela troca de palavras onde você e o interlocutor se conectaram instantaneamente, sem segundas intenções além do puro prazer de dialogar.
Abster-se de álcool, drogas e buscas amorosas nos relega a uma única expectativa nessas festas: encontrar uma boa conversa. Seja em uma glamorosa abertura de galeria ou em uma simples celebração de aniversário em um barzinho, mantemos viva a esperança de encontrar essa preciosidade.
Não hesitamos em nos dirigir àqueles que parecem solitários, os que se mantêm à margem da festa, enviando sinais de angústia com seus sorrisos tristes. Ao nos apresentarmos, testemunhamos a gratidão em seus rostos, como se fôssemos seus salvadores. “Qual é a sua história?” perguntamos, na esperança de desencadear uma conversa envolvente. Infelizmente, nem sempre é o caso, e nos vemos desejando uma saída após alguns minutos de monólogo.
A arte da conversa parece estar em declínio. Enquanto alguns se destacam com suas histórias engraçadas e anedotas bem-elaboradas, muitas vezes esses monólogos são mais brilhantes do que nossas tentativas de participar. Lembramos dos grandes conversadores do passado, que encantavam com suas narrativas, mas raramente nos envolviam em um verdadeiro diálogo.
A ânsia por boas conversas é evidente, refletida no fenômeno dos podcasts e na proliferação de livros de autoajuda sobre o assunto. Contudo, a verdadeira essência da conversa frequentemente se perde no desejo de autopromoção e na falta de curiosidade genuína sobre o outro.
A curiosidade, ou a falta dela, é o cerne do problema. Em uma era onde as opiniões dominam, a habilidade de verdadeiramente conhecer e compreender o outro parece estar em declínio. É irônico que até mesmo os defensores da liberdade de expressão muitas vezes falhem em demonstrar interesse genuíno nas ideias alheias.
Portanto, é hora de resgatar a arte da conversa. Comprometamo-nos a ser mais do que meros exibicionistas de histórias divertidas e tornemo-nos exploradores curiosos das mentes e corações dos outros. Pois é na troca autêntica de ideias e experiências que encontramos verdadeira conexão e enriquecimento mútuo.
Palmarí H. de Lucena, membro da União Brasileira de Escritores